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O Futuro é Flexitariano – Por Eloísa Espinosa

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Desde o início de 2021 eu tenho refletido, estudado e escrito sobre os impactos da pandemia na alimentação do Brasil e do mundo. Depois de 14 meses de isolamento social, a única certeza que temos é que o mundo nunca mais será o mesmo, coisa que venho repetindo em meus artigos e posts.
Nos últimos dois anos a alimentação à base de plantas saiu de um nicho de consumidores veganos ou vegetarianos e ganhou o prato dos brasileiros com proteínas alternativas que imitam a carne em sabor e textura. Mas a pergunta que não quer calar, que ouço nas mais diversas discussões com meus clientes, é a seguinte: Por que desenvolver análogos de carne, frango e peixe se o veganismo é um estilo de vida (não uma dieta!) que não tolera animais em sua alimentação, vestuário, cosmético…?
Quem aí se lembra que o Covid-19 surgiu do consumo e comercialização de.animais silvestres? De acordo com a OMS, 60 % das novas doenças infecciosas se originam em animais. E se pensarmos que as novas fontes de proteínas à base de planta permitem o aumento da produção global de forma mais sustentável do ponto de vista ecológico e ainda por cima sem colaborar para o desenvolvimento de novas pandemias????
Alimentos & Bebidas à base de plantas hoje inclui várias categorias como leite, queijo, iogurte, além das carnes de vaca, frango e peixe. O objetivo é entregar produtos com características de sabor, aroma e textura produzidos com uma tecnologia inovadora. Vimos Startups crescerem consolidarem no mercado nacional e alçarem voos internacionais, gigantes da indústria frigorífica investirem em proteínas alternativas e hoje terem opções de produtos à base de plantas em seus portfólios.
Segundo o GFI (Good Food Institute), institutos de pesquisa como Embrapa e Unicamp estão pesquisando sobre fibra de caju e folha da mandioca, como possíveis fontes de proteínas. Não podemos encarar nada disso como o ameaça às empresas de carne. O criador de gado pode plantar grão de bico e utilizá-la como matéria-prima da indústria de substitutos vegetais análogos à carne. Assim como as cooperativas de leite podem plantar aveio e soja em pequenas áreas da fazenda e produzir leite vegetal. Tudo pode estar conectado!
E na minha área específica de atuação? Na Panificação, Confeitaria & Snacks o mercado está entendendo a importância desta tendência e buscando se conectar com ela. Já estamos trabalhando em produtos como brownie, cookies, bolos, recheios, coberturas e sorvetes sem derivados de leite e ovos em sua composição. Os resultados têm sido surpreendentes e os produtos altamente aprovados em análises sensoriais com consumidores.
E o consumidor? O que ele está buscando?
Aqui a discussão não é saudabilidade (mas lógico que não queremos comprar um análogo com altos teores de sal, açúcar ou gordura!), mas sim pessoas que querem diminuir o consumo de carne em sua dieta por preocupação com o meio ambiente e planeta. Segue crescendo o número de pessoas que se auto identificam como flexitarianos, ou seja; comem carne ou peixe ocasionalmente, mas são parcialmente vegetarianos. Neste cenário, frutas, vegetais, grãos, sementes, nuts estão em alta, assim como plantas ricas em proteínas: quinoa, soja, grão de bico e ervilha.
Estamos longe de controlar a pandemia no Brasil, mas nós, da área de Alimentos, já sabemos que a tendência do plant-based veio para ficar e vai nos ajudar a alimentar o mundo cada vez mais populoso e com recursos finitos.

 

Eloísa Espinosa

Graduada em Engenharia de Alimentos (Escola de Engenharia Mauá);
Pós graduada em Administração Industrial (Fundação Vanzolini – USP);
Experiência em gestão de pesquisa, desenvolvimento e inovação, com vivência em desenvolvimento de negócios no mercado de ingredientes e insumos para Indústrias de Alimentos e empresas de Alimentação fora do lar (Food Service);
Atuação em posições de liderança na América Latina, nos segmentos de Panificação, Confeitaria e Chocolate;
Background em gestão de pessoas, projetos e liderança de equipes multidisciplinares e multiculturais;
Atualmente se dedica ao projeto E.L.Ô. Connecting Food & People, empresa que fundou há 2 anos com foco em Estratégias de Gestão da Inovação, Execução de P&D e Capacitação Profissional para Desenvolvimento de Negócios em Empresas de Alimentos no Brasil e América Latina. Professora da Tacta Food School e Mentora do TechStart Food Innovation (Fundepag).


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