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Escolhas – Por Heliana Hasche

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Sempre digo que a vida é feita de escolhas.

Dentre as várias que fiz, uma muito importante, foi a de ser Engenheira de Alimentos.

E por que fiz essa escolha?

Lembro, ainda antes da adolescência, de gostar de ler os rótulos dos alimentos… “açúcar invertido”….o que será? Como é feito? Para que serve?

Esse mundo sempre despertou minha curiosidade.

E por que foi importante para mim?

Acredito que assim como a língua falada, a alimentação define um povo, uma cultura – vale a expressão: “diga-me o que comes que te direi quem és”.

Por isso nunca apostei alto na globalização de alimentos – pode parecer estranho e desatualizado? Não é. O que é morango para nós Brasileiros…não é a mesma fruta para os Alemães por exemplo – não tem o mesmo perfil de sabor, dulçor, nem a textura …afinal morango nem é fruta nativa brasileira.

Tenho um livro que ganhei há muitos anos – o título: Frutas Exóticas – a foto da capa? Um abacaxi! Gosto de folhá-lo e me divertir ao ver mangas, goiabas, maracujá, mamão, coco…enfim…tantas frutas do nosso dia a dia!

Segui a engenharia de alimentos como carreia para expandir esses sentidos – as cores, os sabores, as texturas, seus sons – para procurar entender um pouco melhor de onde viemos e para onde queremos ir. Porque comemos o que comemos…

Quando decidi prestar vestibular para Engenharia de Alimentos nem se imaginava a impressão 3D, os micro-ondas eram ainda uma certa novidade, imagine então os aplicativos de celular! Os orgânicos ainda eram coisa do futuro. Veganismo? Nem engatinhava, quando muito conhecíamos bem os vegetarianos, mal se conhecia o sabor Umami – na área sensorial falava-se apenas nos tradicionais doce, salgado, amargo e ácido.

Da faculdade para o mercado de trabalho – novo passo para aprofundar os conhecimentos e melhor entender todo esse mundo de possibilidades dos alimentos. Poderia ter atuado em tantas áreas diferentes – mas tive o privilégio de conseguir focar minha carreira em desenvolvimento de novos produtos, certamente uma grande paixão! Tendo passado por diferentes segmentos da indústria: biscoitos, doces, confeitos – balas e gomas de mascar, alimentos enterais – trabalhando no Brasil e no exterior. Tantas escolhas, que hoje vejo como acertadas!

Atualmente trabalho como consultora – mais uma grande oportunidade de aprender – conhecendo novos segmentos, outros profissionais, as mais diversas empresas – as grandes, médias, pequenas e certamente muitos microempreendedores. Ricas experiências!

E no meio dessa carreira solo chega o tsunami Covid-19. E agora? Tantas dúvidas e poucas certezas. O trabalho vai minguar, novos projetos não vão engatar….

Não foi bem assim – certamente as incertezas e receios dos atuais e futuros parceiros quanto ao futuro são concretos e bem reais. Algum impacto sigo vivenciando. Creio que nenhum de nós tenha passado totalmente ileso a tantas agruras.

Por certo as crises vêm e vão embora. E independentemente de suas durações, a indústria de alimentos é um pilar robusto. É (ou costuma ser) a última a entrar em crise e a primeira a sair dela.

Lições desse período tão pesado da pandemia ficam.

Fica também uma pergunta chave: o que nós, como engenheiros de alimentos, podemos e devemos prever, planejar, pensar, discutir, escolher e fazer para minimizar os impactos das adversidades desses tempos. Afinal o futuro segue sendo incerto.

Entendo que temos um papel importante – precisamos contribuir para que as mais diversas pessoas de cada região dessa imensidão chamada Brasil possam ter acesso à uma alimentação adequada!

Não podemos, como cidadãos e profissionais, cruzar os braços para a Insegurança Alimentar que se escancara em nosso país.

Como bem nos ensinou Josué de Castro, a fome não é a falta de alimentos, mas sim um ato político e consequência da má distribuição da riqueza, cada vez mais concentrada nas mãos de menos pessoas.

Volto ao início do meu texto: escolhas

Eu escolhi amenizar a fome e contribuir para o Direito Humano à Alimentação Adequada.

E você?

 

 

Heliana Hasche

Engenheira de Alimentos – FEA UNICAMP

Pós Graduação –  Administração Industrial – Fundação Vanzolini

Pós Graduação em Desenvolvimento –  Gestão Integrada – Fundação Dom Cabral


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