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Em defesa do abate seguro – Por Rita De Cássia Neiva da Cunha

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A ideia de fazer a campanha em vídeos para as redes sociais nasceu quando conhecemos o cenário – pouco saudável – no qual os animais são preparados para destinação ao consumo.

No Maranhão temos um rebanho de nove milhões de bovídeos, o segundo do Nordeste e o 12º do Brasil. O volume pode proporcionar rico e diversificado mercado agronegocial ante tamanha riqueza pecuária. Mas a perda da maior parte dos subprodutos gerados pelo abate decorre da clandestinidade, da falta de instalações condizentes e ausência de cuidados sanitários.

Da forma como se procede cria-se uma situação alarmante, cheia de irregularidades, com riscos para a saúde pública, a segurança alimentar, de contaminação ambiental, com prejuízos para a geração de emprego e renda. O descarte de grande quantidade de subprodutos inviabiliza promissor mercado agroindustrial.

Para buscar o caminho da normalidade e ampliá-lo (existem unidades regulares de abate, mas em número insignificante) estimulamos o debate entre técnicos de instituições afeitas ao assunto e os levamos a conhecer a importância do SIM (Serviço de Inspeção Municipal) e do SIE (Serviço de Inspeção Estadual), órgãos de fiscalização da correta atuação do abate.

Programamos visitas autorizadas a três instalações: uma em São Luís (sob registro no SIM) e duas em São Bernardo e Tutoia (registradas no SIE). Em Tutoia acompanhamos as várias etapas do processo de abate, obediente às regras sanitárias, e com aproveitamento correto dos subprodutos. Constatamos a atuação profissional de agentes da fiscalização, orientando o encaminhamento dos itens destinados ao consumo humano.

Verificamos a preocupação com o aproveitamento dos resíduos em outras cadeias produtivas, diminuindo, consideravelmente o descarte por inutilidade. O couro vai para a cadeia de acessórios, roupas, indústria farmacêutica e cosmética. O sebo processado destina-se à produção do biodiesel e às fabricas de sabão. O sangue, cascos e chifres também têm sua destinação estabelecida.

No abate clandestino temos a falta de profissional responsável pela garantia da sanidade da carcaça e das vísceras, condição que possibilita a transmissão de doenças – infecção alimentar, transtornos abdominais, diarreia e vômitos – ou zoonoses como Tuberculose, Brucelose, Neurocisticercose e Listeriose. Quadro que pode ser evitado pelo simples registro da unidade aos serviços de inspeção, devidamente regulamentados. Com o registro, a unidade estará apta a produzir sem riscos e enriquecer a cadeia produtiva diversificada.

Qualquer abatedouro clandestino pode ser regularizado e obter o seu registro junto a um serviço de inspeção oficial. Precisa cumprir requisitos técnicos estabelecidos pela legislação vigente. Habilitado legalmente, poderá produzir e fornecer, de forma sustentável e sanitariamente correta, produtos de origem animal destinados ao consumo da população.

O poder público e a iniciativa privada podem se habilitar ao serviço. Basta procurar os órgãos de fiscalização oficial, que poderá ser o federal (SIF), o estadual (SIE) ou o municipal (SIM), conforme sua área de atuação comercial – se no limite federal, estadual e/ou municipal. A atuação internacional está afeta ao SIF.

Ao consumidor, interessado em ver o sucesso da campanha e cioso da qualidade do que consome, resta buscar conhecer a origem do que compra, se de locais geridos pelas normas sanitárias. Com alegria, temos constatado que os gestores públicos têm manifestado interesse em ter estabelecimentos regulados em suas jurisdições, visando dar às populações que governam condições de saúde pública e segurança alimentar de qualidade.

                                               

 

 

Rita De Cássia Neiva da Cunha

Engenheira Agrônoma, graduada pela UEMA – Universidade Estadual do Maranhão.

Pós Graduada em Gestão Ambiental em Empresas – Universidade Gama Filho.

Pós Graduada em Perícia e Licenciamento Ambiental pela UFSCar – Universidade Federal de São Carlos.


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